Mestre Cobra, chama se Roberto de Oliveira França, filho de Benedita de Oliveira França, mineira de Paracatu-MG.
O primeiro contato com a capoeira foi em 1981, com meu amigo Ramilto moita que era aluno do Mestre Rosimar.
Lembro-me que estava chovendo muito e eu brincava com ele em frente a casa da dona Célia. Ele disse “Vamos brincar de capoeira” eu perguntei “o que é isso?” Nessa hora levei um “martelo” quando me vi estava no chão com os olhos cheio de lágrimas.
Ele rindo muito e a mãe dele na janela não sabia se brigava ou se sorria. Prometi aprender a capoeira. Hoje agradeço ao Ramilto moita por me iniciar na capoeira.
Então o capoeirista Cícero também me passou conhecimento, e foi muito útil na época porque eu queria aprender pra me defender. E por ser negro, era a forma que eu tinha de ser respeitado.
Em 1984 conheço o contramestre Nego Zão no qual me orientava de que pra ser um bom capoeirista tem que treinar e aprender a respeitar os mais velhos, e entender que existe hierarquia na capoeira.
Então ele foi me educando e disciplinando com treinos didáticos. Me buscava na minha casa e íamos para a mata treinar a capoeira escondido, pois havia muita discriminação na época… coisa de vagabundo, de preto.
Éramos brigões, beberrões, drogados, arruaceiros até que contramestre Nego Zão me leva pra a cidade de Metropolitana para conhecer o Mestre Risomar. E começo a treinar a capoeira com ele em 1985, onde aprendo que os princípios da capoeira não é pra briga, e sim se defender e não ser violento.
Se eu brigava na rua era obrigado a jogar duro na roda de capoeira com os mais velhos… aí vc já viu né, se eu saísse da roda antes do tempo eu era envergonhado, então tinha que sustentar o rojão.
Essa era uma das formas do Mestre dizer que acapoeira não é violência. Foi valente, defendeu e honrou a capoeira. E se eu apanhasse na rua era até pior, eu teria que passar pelo “corredor polonês” que era chutes tapas e pontapés de uma ponta a outra, depois caia na roda de capoeira pra aprender como entrar e sair de uma briga de rua e não envergonhar a capoeira.
Em 1989 conheci e comecei a treinar com o contramestre Fred, discípulo do Mestre Tabosa, que desenvolvia a capoeira no salão comunitário da Candangolandia.
Em 1994 me mudei pra o Riacho Fundo 1 e início aulas de capoeira como instrutor do Mestre Fred. Em 1996 me tornei professor. Em 1999 contramestre. Em 2000
mestrando de capoeira.
Em 2005 criei o Centro Cultural e Social Grito de Liberdade. Mas só em 2006 conheçendo o Mestre Tiego Nicacio, quilombola que tem o grupo Filhos de Zumbi na praia de Sibauma-RN, me reconhece como Mestre de capoeira.
Hoje também sou representante da ABCA de Salvador Pelourinho, me tornando representante legal da ABCA em Brasília.
Fiz um voto com Deus que me tirou das bebidas, drogas, vida noturna, que iria me dedicar ao resgate de dependentes químicos e cuidar das famílias menos assistidas, famílias que vivem em condições de vulnerabilidade social, ajudando com cestas básicas e no que eu pudesse ajudar através da capoeira.
Até hoje Deus nos honra para honrar outras pessoas através da capoeira. São 22 anos que através da capoeira Deus vem nos abençoando para sermos abençoadores, eta Glória a Deus.
Hoje Grito de Liberdade tem ramificações em vários estados brasileiros e na África ( Cabo Verde).
Mestre Cobra